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Birigüi, São Paulo, Brazil
Tenho 30 anos, sou graduado em Letras pela Faculdade de Ciências e Tecnologia de Birigui (FATEB),graduado em História pela Universidade Toledo de Araçatuba e pós-graduado em Assessoria Bíblica pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo, Rio Grande do Sul (EST)em parceria com o Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI). Atualmente professor da educação básica de escolas estaduais de SP e cursando o pós-graduação em História Cultural pelo Centro Universitário Claretiano.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Espiritualidade Programada

por Lucas Rinaldini




É natural dizer que o ser humano é inconstante, que muda fácil de ideia, que está suscetível a influências do meio e que nunca sabe o que realmente se passa nas profundezas de seu coração. Já dizia Fernando Pessoa “Navegar é preciso. Viver não é preciso” interpretando no sentido de que não há precisão no ato de viver como há no ato de navegar.

Nós, humanos, passamos por várias etapas de nossas vidas. Evoluímos, mudamos nossos sentimentos e pensamentos. Isso é algo que se faz necessário!

No capítulo 13 da primeira carta de Paulo aos Coríntios, no versículo 11, está escrito: “Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei adulto, deixei o que era próprio de criança.” E na continuidade, o texto ainda trás no versículo 12: “Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido.” É a esperança de evoluir, um passo de cada vez.

Evoluir emocional, intelectual e espiritualmente é um processo natural, ou pelo menos deveria ser, pois algumas convenções da sociedade acabam tornando isso bem mais complicado e, na maioria das vezes, tolhendo alguns aspectos dessas evoluções. Somos levados a cultivar a tristeza até chegarmos às profundezas da solidão e da depressão quando não direcionamos nossas emoções para o ódio e a violência. Parece ser mais fácil aprender a ser triste ou violento a aprender a fortalecer os sentimentos para o bem e o amor.

Intelectualmente, a sociedade tem se preocupado cada vez menos com o conhecimento da vida das pessoas, aquele conhecimento de vida popular, que nossas avós e avôs tinham: a sabedoria de vida.

Além disso, estamos sendo seduzidos por aquilo que não exige o menor esforço de aprendizagem. O trabalho fatigante do dia a dia e o entretenimento banal trazido pela televisão nos fazem desejar cada vez menos exercitar o aprender e nos afasta dos livros e do conhecimento científico.

Junto a tudo isso, deparamo-nos com a ditadura de algumas religiões que impedem as pessoas de evoluírem espiritualmente com suas regras absurdas e dogmas. Na era da tecnologia, em que vivemos cercados de máquinas minuciosamente programadas para obedecerem a ordens, desejamos que a espiritualidade dos seres humanos seja tão controlável quanto os computadores, mas nos esquecemos que mesmo as máquinas nos surpreendem.

O tempo da colonização/invasão do Brasil pelos portugueses é um bom exemplo da tentativa de controle da espiritualidade humana. Milhares de tribos indígenas sofreram com a chegada do Cristianismo imposto pelos colonizadores e tiveram sua espiritualidade violentada para não perder a vida. Será que Jesus, considerado por tantos o Mestre dos Mestres, não seria sábio o suficiente para entender que a espiritualidade tem seus momentos e características próprias de cada ser?

As necessidades das pessoas transcendem as normas impostas com o principal objetivo de conservar o poder das grandes instituições religiosas que pregam e obrigam as pessoas a terem uma espiritualidade programada e, por isso, negam aquilo que pode libertar verdadeiramente os seres humanos: a verdade despida de interesses.

A espiritualidade deve e precisa passar por todos os estágios necessários de evolução, mas limitá-la é abortar a possibilidade de renascimento de um novo ser humano a cada dia.